quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Inversão de valores venceu: Orlando Silva sai por excesso de honestidade

O ex-ministro Orlando Silva sai do ministério do esporte de cabeça erguida, porque não se submeteu às chantagens, enfrentou a onda de denúncias e detratores como poucos políticos já fizeram antes, e mostrou uma resistência difícil de se ver. Sua única derrota foi na batalha da comunicação. A versão prevaleceu sobre o fato.

Ficarei muito surpreso se encontrarem alguma coisa real contra ele (podem encontrar de outras pessoas do ministério do esporte, mas sem haver má-fé dele).


Se ele fosse corrupto, com a verba que teve nas mãos, teria dado algum jeitinho de aliviar e se acertar com o PM João Dias, na calada da noite. Preferiu fazer a coisa certa, e partiu para o enfrentamento.


Cargo de ministro é assim mesmo, e do mesmo jeito que é nomeado, sair também faz parte, e seu próprio partido, PCdoB, achou que ele perdeu condições políticas para ficar no cargo.


A questão é saber se, politicamente, essa decisão foi de fato acertada, principalmente para o governo Dilma.


Sem provas, ainda havia gordura para queimar, mantendo o ministro no cargo. Cedendo com essa relativa facilidade, qualquer outro ministro poderá ser a bola vez: basta encontrar qualquer fraude CONTRA o ministério e negociar com o fraudador para fazer uma entrevista inventando uma denúncia falsa contra o ministro. Depois bombardeia-se diariamente com manchetes fantasiosas, transformando honestidade em suspeita qualquer coisa da vida particular ou pública do ministro.


Outra coisa instigante é saber: como pode um ministro desagradar a tantos interesses ao mesmo tempo, a ponto de ficar quase isolado?


A FIFA, a CBF e Ricardo Teixeira comemoraram sua queda.


Jornalistas da TV Record, inimigos de Teixeira, comemoram sua queda.


A TV Globo, aliados de Teixeira, conspirou junto à Veja, para derrubá-lo.


Como explicar tantos interesses antagônicos se unirem contra o mesmo ministro?


Só tenho uma explicação: excesso de honestidade! Falta de "jogo de cintura" para escolher a quem agradar e a quem desagradar. Conclusão: ainda há muito trabalho a fazer para o Brasil ser uma república, na acepção da palavra.

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